domingo, 5 de setembro de 2010

Meteor - II

Segundo Capítulo - e infelizmente o último - de Meteor.

Provavelmente um dia irei continuar a história.

Passaram-se dez anos desde o dia que tudo aconteceu. O mundo mudou como do dia para noite e o que antes era uma sociedade com regras e respeito, agora é um mundo de sobrevivência onde somente o mais forte sobrevive. Onde havia verdura, florestas e vida, agora só resta desertos de areia ou gelo. Tudo mudou.

Caminhando por um longo deserto arenoso sobre um sol escaldante encontrava-se um homem com um longa capa de capucho acastanhado. A sede o atacara, e sem agua por perto este mesmo homem arriscava-se a morrer no meio do nada. No entanto acabando de subir uma das grandes dunas de areia que se encontravam por perto, ele conseguira ver ao longe uma cidade, no meio do nada. O vento trazendo areia batia-lhe forte no rosto, obrigando o homem a desviar o seu rosto marcado com uma enorme cicatriz que lhe atravessava a parte superior do olho direito até ao lado esquerdo do seu queixo.
O homem começara então a sua caminhada até á cidade. Chegando perto dos portões metálicos encontravam-se alguns guardas de vestes pretas de cabedal juntamente com adornos metálicos. Todos os guardas tinham um porte físico impressionante e os seus rostos ferozes até metiam medo ao próprio susto.
- Quem se encontra no portão – perguntara um dos guardas. Parecia ser o capitão dos guardas e era relativamente de todos os guardas o que teria menor porte físico.
- Um viajante.
- Viajante…estás a gozar comigo? Pergunto-te uma última vez quem és tu antes que te perfure.
- Tenha calma. Sou somente um viajante. Encontro-me perdido há dias neste longo e mortífero deserto. Só peço para entrar, beber e comer algo e passar uma noite. Amanhã partirei rumo ao desconhecido.
O Guarda olhando para o homem que fisicamente não impressionava e em que as suas roupas sujas também pouco ajudavam para ser considerado uma ameaça abrira então o portão.
- Ficarei de olho em ti, se fizeres algo serás morto pelas minhas próprias mãos!

A cidade em si encontrava-se fundada no meio de um oásis no deserto. Havia um poço central onde os habitantes removiam a água em porções diárias e as casas ao seu redor eram casas construídas com destroços. Ao entrar na cidade o Homem era literalmente perseguido pelas crianças que o achavam uma novidade devido ás suas vestes relativamente sujas e estranhas em comparação com as suas. Os adultos olhavam para o homem com um ar estranho, pois para além da sua enorme cicatriz facial que escondia por debaixo do capucho do casaco, era um homem estranho. Mas quem eram eles para chamar o viajante, um estranho. Os habitantes da pequena cidade no Oásis tinham todos tatuagens tribais faciais. Os homens tinham a tatuagem no seu lado direito do rosto e vinham desde o pescoço até ao olho, enquanto as mulheres tinham tatuagens no lado esquerdo deste o olho até á sua orelha.
Andando pelas ruas da pequena cidade, o viajante encontrara uma placa que indicava que o edifício á sua frente era uma espécie de bar ou mais propriamente uma taberna. O viajante entrou na taberna e ao entrar removeu o capucho. Olhando ao seu redor encontrava alguns homens fortes como os guardas, no entanto menos assustadores. Deslocou-se até ao balcão onde estava o dono e sentou-se.
- Um viajante por aqui…já a algum tempo que nós não recebemos viajantes.
O viajante esboçou uma tentativa de sorriso, no entanto o dono da taberna rapidamente percebeu que era um homem de poucas palavras.
- O que deseja beber?
- A bebida mais forte que tiver, mas antes traga-me agua, estou a morrer de sede! – Disse o jovem viajante de cabelo curto e de olhos castanhos-claros penetrantes. Tirando a sua cicatriz era na realidade um homem atraente e parecia ser fisicamente muito mais forte sem a sua capa/casaco.
- Aqui tem a sua água. Se não for perguntar demais, o que nos pode dizer sobre o mundo lá fora? – O viajante sorriu ironicamente.
- Que mundo? Só encontramos deserto por onde quer que se ande. Cada vez existem mais ruínas de cidades…nem mesmo Antica sobreviveu. – Todos que o ouviam ficaram chocados, pois Antica fora a primeira cidade fundada após a queda do Grande Meteorito e para muitos dos jovens que pretendiam uma vida melhor, era a sua esperança.
- O que se passou com Antica? Que nos podes contar sobre ela? – Perguntou um jovem rapaz que se encontrava por perto do viajante.
- Que te posso dizer? – Fez-se um momento de silêncio enquanto pensava – As suas ruínas encontram-se a 10 dias de viagem sobre o sol escaldante deste deserto. Esqueletos são encontrados nas ruas em posições que demonstram que sofreram antes de morrer…
- Vírus Cells? – Perguntou um sujeito também jovem, no entanto aparentava algum conhecimento do assunto.
- Provavelmente… - Respondeu o viajante – No entanto não era a Vírus Cells Original…uma variante sem duvida.
- Seremos os próximos. – Afirmou o jovem sujeito – Temos que sair daqui o mais rápido possível.
- Não seria tão dramático…eu estive lá á pouco tempo, e cá estou eu, vivo! – Dito isso, o viajante levantou-se após beber a sua água, não esperando pela bebida da casa. – Não se deviam preocupar com coisas insignificantes…não têm para onde ir…

Passou-se alguns dias e o Viajante encontrava-se recuperado e após ter já comprando os mantimentos necessários preparava-se para a sua partida. No seu quarto numa espécie de Hotel/Motel de lata, arrumava as ultimas tralhas necessárias para a sua sobrevivência no meio do deserto. Bateram á porta.
- Entre! – Respondeu o viajante, enquanto uma jovem mulher entrava pela porta. Era a filha do dono, uma rapariga na casa dos seus 20 anos com cabelo curto, olhos azuis e um rosto belo.
- Sandra? – Perguntou o viajante confuso.
- Não…- Respondeu a jovem rapariga – Sou eu, Maria, a filha do Sr. Alk
- Desculpa-me…por breves momentos pareceu-me ver uma mulher que conheci há tempos. Infelizmente, já não se encontra entre nós – Respondeu o viajante com alguma mágoa.
- Era bonita, Jack? – Perguntou-lhe Maria com alguma curiosidade no sentido de saber se era mais bonita do que ela mesma.
- Sim, era a mulher mais bonita que alguma vez vira…mas tudo acabou no dia do Grande Meteorito…não quero falar sobre isso. – Disse Jack enquanto fechava a mala – Foi um prazer ter passado cá estes poucos dias, é sempre bom ver alguma civilização sobreviver no meio deste inferno…mas está na hora de partir rumo a outra cidade…
- Porque não fica por cá? O que tanto procura no meio deste deserto que nada tem, como tu mesmo dizes? – Perguntou-lhe Maria, que sentia algo por Jack, talvez fosse aquele seu jeito misterioso, talvez o fascínio pela sua cicatriz que nunca soubera como a tivera, ou talvez o seu ar triste, ar de quem procura algo à anos e não o encontra por mais que procure em todo o lado. Independentemente do motivo, Maria, sentia uma atracção física e platónica por Jack, um viajante misterioso que aparecera no meio de uma cidade que as únicas notícias que recebiam era da caravana de mantimentos que vinha uma vez por mês da grande cidade de Costa, uma antiga cidade costeira, que agora era também uma cidade no meio de um grande deserto. No entanto não era só Maria que sentia este tipo de atracção por Jack, praticamente todas as outras mulheres o sentiam, umas mais descaradamente do que outras.

No entanto era a altura de Jack abandonar a pequena cidade numa procura por algo desconhecido…

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